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A droga que se dissemina entre os profissionais da saúde

Aedição de outubro da piauí publica uma reportagem de João Batista Jr. sobre a escalada do consumo de opioides no Brasil. Entre profissionais da saúde, os anestesistas, que têm acesso fácil à droga nos centros cirúrgicos, compõem o segmento mais afetado. Os casos de adição – e de overdose – levaram a médica Rita de Cássia Rodrigues, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo, a criar um programa para atender anestesistas dependentes. “Os hospitais não debatem o assunto porque têm receio de assustar os pacientes”, diz Rodrigues. “E os médicos dependentes sofrem calados porque têm medo de perder o emprego.”

São raros os profissionais que conseguem superar a dependência e voltar a trabalhar. O anestesista G.C., de 42 anos, chegou a aplicar-se injeções de citrato de fentanila a cada 15 minutos. (O citrato de fentanila é cinquenta vezes mais potente que a heroína.) Ele conseguiu se livrar da dependência, mas se mantém longe dos centros cirúrgicos. “Seria como um alcoólatra trabalhando no balcão de um bar”, compara. Ricardo Silva Nicoletti, anestesista capixaba, é um exemplo raro. Ele venceu a dependência, voltou a trabalhar nas salas de cirurgia e, hoje, se empenha em falar publicamente sobre seu caso. “É uma forma de ajudar a fazer com que outros profissionais não sofram o que eu sofri”, diz.

Na população em geral, o consumo também aumenta. A venda de todos os tipos de opioides subiu 68% em 2021, em comparação ao ano anterior. O comércio de falsas receitas médicas também se espalha. Por preços que variam de 100 a 200 reais, é possível comprar receitas de opioides em plena Praça da Sé, no Centro de São Paulo. No Telegram, a venda é tão desembaraçada que parece até legal. Traficantes oferecem o produto com pronta entrega em todo o território nacional – sem exigência de receita médica. Em algumas capitais, há entrega por motoboy.

Fonte: UOL

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