A ‘Casa milagre’ que escapou da erupção do vulcão em La Palma
Uma imagem chamou atenção do mundo na erupção do vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, nas Ilhas Canárias. Centenas de casas foram alcançadas e destruídas pela lava, entretanto uma solitária moradia em encosta perto da boca eruptiva resistiu intocada. A moradia foi cercada pelo magma incandescente, mas o material vulcânico desviou da casa que permaneceu como uma ilha em meio à lava com temperatura de até mil graus. É a “Casa Milagre”, como já é chamada nas redes sociais.
O jornalista Gonzalo Suárez conta, no El Mundo, que a holandesa Ada Monnikendam navegava pelas redes sociais quando viu uma das várias fotografias do vulcão e da lava em La Palma. Era uma imagem, escreveu o jornalista, “de uma idílica casa unifamiliar que escapou milagrosamente ao rio de lava do vulcão do Cumbre Vieja, numa minúscula ilha rodeada de rocha” vulcânica. Ao ver a imagem, Ada disse que conhecia a casa. “Eu e o meu marido construímos”, afirmou.
De acordo com a Agência Brasil, o casal construiu a casa para Inge e Rainer Cocq, dois dinamarqueses que não vão à ilha há dois anos. São octogenários e, com a pandemia de covid-19, ficaram com receio de viajar. Ada Monnikendam informou que todos choraram como loucos quando ela lhes contou que “a casa estava intacta”.
A holandesa vive na ilha desde 1976. É representante de uma empresa de construção de casas. Foi ela quem tratou da construção da “casa milagre”, como agora é conhecida. A lava circulou em volta da pequena casa que fica em El Paraíso, onde mais da metade das residências foram destruídas, assim como a escola da localidade. Os donos continuam na Dinamarca e não pensam em viajar logo para a ilha. Segundo o jornalista, eles ficaram, obviamente, muito contentes porque a casa escapou à fúria da natureza. Dizem agora que talvez voltem, quando a situação se acalmar. Eles ou os filhos.
A erupção do vulcão Cumbre Vieja ganhou muita força nas últimas horas com sucessivas explosões que arremessam magma no ar e rochas incandescentes nos locais próximos. Isso fez com que as autoridades emitissem uma ordem de emergência de evacuação para a população local que vive próxima ao local da erupção. O ruído das explosões vulcânicas é incessante e algumas são violentas a ponto de gerar ondas de choque pelo deslocamento do ar.
A erupção é a primeira em La Palma desde outubro de 1971, quando o vulcão Teneguia expeliu lava durante três semanas. La Palma, com 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do Arquipélago das Canárias. No seu ponto mais próximo com a África, dista 100 quilômetros do Marrocos. As Canárias estão a 460 quilômetros da ilha da Madeira, em Portugal, e a 1.428 quilômetros da Ilha do Sal, em Cabo Verde.
O cenário de abertura de novas fissuras eruptivas é possível. A superfície continua a inflar e se deformar, o que é um sinal de que mais magma está sendo armazenado no subsolo e pode irromper na superfície. Os especialistas dizem que os caminhos existentes não são grandes o suficiente e que o vulcão pode optar por aumentá-los ou criar novos com aberturas de mais fissuras.
A atividade vulcânica na parte Sul da ilha de La Palma já dura pelo menos 125.000 anos e formou o vulcão conhecido como Cumbre Vieja, ou também simplesmente como Dorsal Sur. Apesar de serem estruturas diferentes, o Cumbre Vieja pode fazer parte do vulcão Taburiente. O Cumbre Vieja entrou em erupção em 1971, 1949, 1712, 1677, 1646 e 1585.
É o vulcão mais ativo das Ilhas Canárias. As erupções ocorreram em intervalos de 20-60 anos. Exceção foi a notável dormência de 237 anos entre 1712 e 1949. Cientistas especulam que a enorme erupção de seis anos na vizinha Ilha de Lanzarote, em 1730, induziu a longa dormência em Cumbre Vieja de mais de dois séculos até 1949.
Créditos: MetSul Meteorologia