Com aumento de custos e estiagem, preço do leite longa vida cresce 14% na Região Central do RS
Um dos principais itens na lista de compra dos brasileiros, o leite apresenta aumento de preço expressivo na região metropolitana de Porto Alegre. No acumulado de 12 meses, fechados em março, o valor do leite longa vida avançou 20,47%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somente em março, o produto apresentou crescimento mensal de 14,06% no valor.
O item foi responsável pelo maior impacto dentro do grupo de Alimentação e Bebidas no mês, segundo a unidade do IBGE no Rio Grande do Sul. Em ambos os recortes, o percentual está acima do índice geral do IPCA. Pressão do preço dos insumos nos custos de produção e efeitos da estiagem estão entre os principais fatores que explicam esse movimento, segundo especialistas.
Consequentemente, a alta no preço do leite acaba respingando em produtos que têm esse item como base. Dentro do IPCA, leites e derivados apresentaram alta de 12,66% em 12 meses. Esse segmento também teve variação mensal mais expressiva em março deste ano (veja mais abaixo).
O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS), Darlan Palharini, afirma que existia uma defasagem nos preços desde o último trimestre de 2021. O aumento expressivo nos valores em março deste ano ocorre diante do represamento do repasse ao consumidor e dos efeitos da falta de chuva, que castigou a agropecuária gaúcha nos últimos meses, segundo o dirigente.
— Isso é efetivamente resultado do aumento dos insumos e da própria estiagem, porque houve também uma redução na produção. Aí entra aquela questão de oferta e procura, porque tem essa produção menor por causa da estiagem — explica Palharini.
Eugênio Zanetti, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e integrante do Conseleite, entidade que representa o setor, também destaca a questão da procura pelo produto. Zanetti afirma que março tradicionalmente costuma registrar mais busca pelo leite. Esse fato, somado à produção afetada pela chuva insuficiente, eleva o preço do alimento, segundo o executivo:
— O mês de março tem a volta às aulas, que dá uma regularidade maior ao mercado e aumenta a procura e o consumo de lácteos. Outro fator é que está faltando leite no mundo inteiro, o que causa tendência de alta nos produtos lácteos.
Zanetti destaca que o aumento de preços não significa que os produtores estejam ganhando mais, mas sim uma recuperação após períodos de prejuízo.
Preço não deve cair
Olhando apenas a variação acumulada de 12 meses e do mês de março na Região Metropolitana, o leite perde em volume percentual para itens como cenoura, alface e tomate. No entanto, o leite é um dos itens principais da alimentação dentro dos lares, principalmente dos que contam com crianças no grupo familiar.
O secretário-executivo do Sindilat-RS afirma que a indústria tenta balancear o repasse ao consumidor com um valor que cubra os gastos de produção e mantenha o produto acessível. Para os próximos meses, Palharini estima uma possível estabilização nos preços:
— A gente acredita que o preço dos derivados, com esse aumento, deverá se manter. Até porque em maio e junho começa a safra. Se não vier uma geada antes do tempo, acredito que a gente consegue manter os custos sem ter esse repasse maior ao consumidor. Até porque a gente sabe que o poder aquisitivo do consumidor está muito baixo.
O vice-presidente da Fetag-RS e integrante do Conseleite, Eugênio Zanetti, também não acredita em um recuo nos preços do leite nos próximos meses. A tendência é de estabilização ou de aumento para manter condições aos produtores diante dos aumentos de custos, segundo o dirigente.
Fonte: GZH