Abandonada em floresta, puma domesticada, ferida e desnutrida sobrevive e agora vive em santuário
Comprar e domesticar animais silvestres não é nada glamuroso, como pode parecer para algumas pessoas, e dificilmente resulta em um final feliz. Não é justo com o animal e não satisfaz quem o compra. A história da puma Anastasia – aqui, chamamos essa espécie de suçuarana ou onça-parda – é um exemplo.
E esta história só não terminou em tragédia porque ela foi encontrada ainda com vida por pessoas que conseguiram capturá-la e entregá-la aos cuidados do The Wildcat Sanctuary (Santuário do Gato Selvagem, em tradução livre), em Sandstone, Minnesota, Estados Unidos, onde se recupera.
Anastasia foi comprada e domesticada, mas, aos quatro meses, os “donos” a abandonaram, certamente ao perceberem que seria muito difícil manter um animal selvagem em casa. Devem ter imaginado que era só soltá-la na natureza para que ficasse bem. Mas ela não conhecia a vida na floresta.
Desde bebê, foi alimentada e aprendeu a ser mansa, não a caçar e a se defender do ataque de outros animais. Abandonada à própria sorte, ficou desnutrida e sofreu com picadas de insetos e graves escoriações na face. Foi encontrada em péssimas condições e corria risco de vida.
Tammy Thies, diretora executiva do santuário, chegou a duvidar que a pequena puma sobreviveria. “Animais nascidos em cativeiro não podem sobreviver na selva. Infelizmente, quando os gatos vêm até nós, nunca serão selvagens novamente, mas tentamos permitir que sejam selvagens no coração”.
E ela acrescenta: “Anastasia era apenas uma ‘criança’, e teve a sorte de um bom samaritano avistá-la. Chegou a pesar menos de dez quilos, estava com infecção urinária e tinha feridas e mordidas por todo o corpo. Seu rabo foi despelado por algum animal e ela ainda tinha uma ferida horrível no nariz”.
Em geral, pumas saem de seus ‘esconderijos” no início da noite, mas devido à sua história, Anastasia é especialmente retraída com os tratadores. E ainda não convive com os outros cinco pumas do santuário.
“Ela só confia em si mesma, então precisamos abrir o mundo aos poucos para ela, para que possa confiar que mais nada de ruim vai acontecer. Nosso objetivo é que Anastasia seja apresentada a outro puma de resgate e possa ter companhia aqui no santuário”.
A pequena puma se recupera bem, mas costuma passar o dia se escondendo sob uma plataforma de madeira, no espaço protegido onde está. Recebe carinho, cuidados e dedicação e já apresenta melhoras físicas.
“Desfruta seus dias na grande propriedade do santuário com muitos brinquedos, lugares para relaxar e para tirar sonecas sob o sol”, conta a Anda – Agência de Notícias de Direitos Animais, em seu site.
Assim que estiver totalmente recuperada, vai se mudar para um habitat livre, com cavernas para se esconder e vai aprender a fazer escolhas, finalmente. Esse será um momento muito especial em sua vida. Ela não escolheu ser comprada e se tornar um animal de estimação, nem ser abandonada e passar por tudo que passou.
A ‘lista pet’ é um crime: assine as petições!
Nos Estados Unidos, o comércio de animais silvestres – para transformá-los em animais de estimação – é liberado e tem causado grandes impactos na fauna local.
Nesse mercado, “você tem os criadores e os negociantes”, explica Thies. “Eles estão lá para ganhar dinheiro, eles querem sensacionalizar a si mesmos e aos seus animais. E encontram nos ‘amantes dos animais’, pessoas que acreditam que podem se tornar especiais ao terem um animal selvagem. Isso pode parecer muito mais glamoroso do que a realidade”.
No Brasil, o comércio de felinos selvagens não é permitido, destaca a ONG Ampara Silvestre, “mas a proposta de lista pet (lista de animais para a o comércio pet) enviada para a avaliação dos órgãos ambientais estaduais (ABEMA) no final de 2020, incluía ao menos três espécies de felinos”.
Em fevereiro deste ano, publicamos artigo da advogada Fernanda Tripode, ativista jurídica pelos direitos dos animais. Vale a leitura: Anta e Jaguatirica podem entrar em lista de espécies com criação em cativeiro e comércio permitidos pelo governo.
Se você é contra a venda de animais silvestres no país e deseja que a fauna seja mantida na natureza, assine as petições das ONGs Ampara Silvestre e Proteção Animal Mundial.
Fonte: Conexão Planeta