Abate de gado caiu 16,5% durante o ano passado
Os frigoríficos do Rio Grande do Sul abateram 1,78 milhão de cabeças de gado de corte em 2021, total que representa uma queda de 16,5% ante o número final de 2020, que foi de 2,12 milhões. É o que revela a Carta Conjuntural NESpro Bovinocultura de Corte do RS, divulgada pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo o levantamento, entre outubro e dezembro do ano passado a queda nos abates foi de 21,1%, fechando em 487,9 mil cabeças, contra 618,1 mil no mesmo período de 2020. A principal explicação para o recuo é a mudança no perfil das categorias que estão sendo enviadas para os frigoríficos, com menor número de vacas. A retenção de fêmeas é resultado da valorização dos terneiros, o que estimulou o produtor a colocar mais delas em cria. O processo já havia se iniciado em 2020, e, segundo o relatório, mostrou resultados em 2021, com o nascimento de 320 mil terneiros a mais que no ano anterior. Com isso, o rebanho bovino de corte teve um discreto crescimento, de 0,4%, subindo de 10,91 milhões para 10,95 milhões de cabeças.
O professor Júlio Barcellos, coordenador do NESPro, esclarece que o preço do quilo vivo do terneiro foi o que mais se valorizou em 2021, iniciando o ano em R$ 11,95 e terminando em R$ 12,68. Em julho, o quilo do terneiro chegou a R$ 15,75. “No segundo semestre, entretanto, com o bloqueio das exportações para a China, o preço caiu, mas ainda assim ficou acima do praticado para o boi, que iniciou o ano na casa dos R$ 10,00 e terminou em R$ 11,06”, comenta Barcellos. Esse comportamento, diz o coordenador do NESPro, ocorreu em razão da entrada de carne bovina de outros Estados no Rio Grande do Sul a um preço mais barato que o da carne gaúcha.
A Carta Conjuntural do NESPro também aponta queda de 15% no valor das exportações de carne do Estado, que fechou em 175 milhões de dólares. Já a exportação de gado vivo, que em 2020 tinha sido de 116,7 mil cabeças, caiu para 11,4 mil em 2021. “É importante destacar que o Rio Grande do Sul não é um estado exportador de carne e que 95% da carne produzida aqui fica no nosso mercado”, completa Barcellos.
Fonte: Nereida Vergara | Correio do Povo