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Chuva persistente ameaça desenvolvimento do trigo no RS

Além de atrasar a semeadura de culturas de verão, como o milho e o arroz, as chuvas intensas estão sinalizando uma ameaça às culturas de inverno no Rio Grande do Sul. Embora considerem que é cedo para projetar perdas decorrentes dos grandes volumes de chuva já registrados nas regiões produtoras do cereal, lideranças dos agricultores avaliam que a sequência de dias úmidos poderá prejudicar o desenvolvimento da cultura, com potenciais efeitos negativos na qualidade e na comercialização do cereal.

 

Segundo o coordenador da Comissão do Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), as chuvas do início desta semana afetaram principalmente lavouras localizadas na metade norte gaúcha, mas ainda não é possível estimar danos. O maior risco, afirma, é o aumento da incidência de doenças fúngicas – com o fenômeno prolongado, os agricultores não conseguem entrar no campo para aplicar tratos culturais no momento adequado. “Essas doenças acontecendo principalmente no período de florescimento e início de formação do grão depreciam a qualidade e o preço do produto. E a previsão de mais chuva nesta semana é o cenário de que nós não gostaríamos, ainda mais que os preços estão baixos”, avalia Jardim.

No Rio Grande do Sul, conforme o último levantamento semanal na Emater/RS-Ascar, divulgado na quinta-feira passada, 32% das lavouras de trigo estavam em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, 49% se encontravam em floração e 18% já haviam iniciado a etapa de enchimento de grãos, com apenas 1% no estágio de maturação. A cotação média da saca de 60 quilos no Estado estava em R$ 59,69. Além do acamamento das plantas, outra preocupação do setor é que as enxurradas arrastaram e retiraram fertilizantes e adubos aplicados nas lavouras, explica o engenheiro-agrônomo e técnico da Emater/RS-Ascar Alencar Rugeri. “Essa chuva levou muito nutriente embora, mesmo com o solo coberto. Isso reforça cada vez mais a importância de ter um solo coberto e bem-manejado”, diz.

Para o agrônomo, a triticultura vem vivenciando um ano atípico no Estado e a dimensão do impacto das chuvas dependerá da persistência da umidade. “Essa condição favorece doenças, é absolutamente prejudicial e vai tendo interferência no potencial de produção. A recomendação é que os agricultores tomem a melhor atitude assim que o clima permitir e fiquem muito atentos às informações sobre as condições climáticas”, observa.

No município de Cruz Alta, um dos principais produtores de trigo do Estado, o retorno da chuva nesta terça-feira após alguns dias ensolarados deixou os agricultores em estado de alerta. “Até o momento, pode-se dizer que a situação está tranquila. Daqui para a frente, preocupa não só nesta semana, mas no restante do mês, pois o trigo vai para um ciclo em que precisa de um clima mais moderado, se tiver excesso de chuva vai prejudicar”, diz o presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, Moacir Medeiros.

Fonte: Correio do Povo

 

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