Conheça ideias e oportunidades que tem gerado lucro para os produtores de leite em vários estados
Os momentos de dificuldades também são excelentes oportunidades para utilizar ferramentas novas e outras já conhecidas para superar a situação. Então, separamos algumas ideias que estão funcionando para alguns produtores em várias regiões do país, e esperamos que possam te ajudar também aí na sua propriedade.
Vamos a elas:
1 – TROCAR A ALIMENTAÇÃO NO COCHO POR PASTO
Foto: IDR PR
Os técnicos da IDR do Paraná têm indicado aos produtores o retorno ao pasto com ótimos resultados. Em Iretama-PR, o produtor Victor Severino e sua esposa Luciana vêm se destacando na produção de leite exclusivamente a pasto.
Segundo o produtor, desde que começou a melhorar o sistema de produção de leite a pasto e aprenderam a manejar o capim, a rentabilidade na propriedade vem melhorando bem. Passou de 160 litros dia, no ano passado, para 270 litros /dia neste ano”, ressaltou o produtor.
De acordo com Jorge André, extensionista da IDR/PR, a oferta de alimento no momento certo e em quantidade certa permite uma dieta volumosa adequada para que as vacas possam produzir até 12 litros de leite por dia, desde que o animal tenha potencial genético para tanto.
“Um sistema com pastagem bem consolidada, de baixo custo de implantação em comparação aos demais sistemas de produção de leite, confere segurança e versatilidade para o sistema frente aos altos preços de insumos e baixo preço do leite que a cada dia decepciona os produtores rurais”, ressalta André.
ROTAÇÃO DE PASTAGEM E ADUBAÇÃO
O sistema é ideal para pequenas propriedades, mais o sucesso do manejo está na adubação que é feita diariamente após a saída das vacas do piquete. Essa adubação pode ser feita no fim da tarde, com o auxílio de um balde ou recipiente, de forma rápida e rotineira.
O extensionista André explica que assim que os animais vão para outro piquete, a área onde foi feito o pastejo é adubada com ureia e/ou sulfato de amônio, além de cloreto de potássio. O pasto também recebe adubação orgânica como a cama de frango.
Segundo ele, depois de adubado cada piquete passará por um período de descanso, que varia de acordo com a espécie de pastagem. “Com essa prática o pasto se recupera rapidamente e estará pronto para ser pastejado no próximo ciclo”, afirma André.
Temos uma matéria completa ensinando a técnica no link: https://terraenegocios.com/noticia/1497/rotacao-de-pastagem-a-grande-aliada-do-produtor-de-leite
2 – INICIAR UMA QUEIJARIA ARTESANAL
Foto: Queijaria Serro Cremoso
Pensando nisso, muitos produtores têm modificado seu sistema de trabalho, deixando de vender o leite in natura e passando a fabricar seu próprio queijo, agregando valor ao produto.
A produtora Walkiria Naves inaugurou a queijaria Ouro das Gerais, na Fazenda Boa Aprazível, região de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, em 2018. Segundo ela, o sucesso nas vendas tem permitido a produtora dar continuidade ao trabalho realizado pelos pais dela e manter viva a queijaria que sempre sonhou.
Ela e o marido têm a ajuda dos dois filhos para produzirem, artesanalmente, cerca de 70 queijos por dia. E, para alegria dos pais, eles já estão decididos a dar continuidade à tradição familiar, mesmo após se formarem.
Foto: Emater MG
O manejo do rebanho é feito com pasto irrigado, dividido em piquetes. A família também investe no uso de energia limpa, no bem-estar dos animais e na sustentabilidade ambiental.
O custo para iniciar uma queijaria segundo o Sebrae-MG está na casa de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), contando com o valor para compra do equipamento, adequação das instalações e reformas, bem como capital de giro.
Além disso, é necessário fazer um curso para manuseio de alimentos, e observar a legislação do estado e município.
3 – COMEÇAR A PRODUZIR LEITE ORGÂNICO
O consumidor final do leite orgânico sabe que o produto tem um preço bem mais caro e está disposto a pagar mais por isso. Para se ter uma noção, se o litro de leite UHT está sendo vendido a R$4,50 nos mercados, o Leite Orgânico é vendido a R$7,20.
Foto: Google
Porém a mudança do sistema não é tão simples, e para produzir leite orgânico é necessário se adequar a legislação atual.
Segundo a técnica Alice Beatriz Soares, da Emater-MG, em relação à produção de leite, além de observar a legislação, a saúde e o bem-estar animal são requisitos fundamentais para conseguir a certificação.
A técnica ainda observa que há necessidade de seguir alguns critérios no manejo do gado, como pastagem por seis horas por dia no período diurno, alimentação saudável, água limpa e bezerros mamarem preferencialmente na mãe.
Alice Soares ressalta que o processo de conversão para a produção de leite orgânico dura um ano e meio. “ Um ano para conversão orgânica das pastagens e da produção de grãos e mais seis meses para adequação do rebanho ao manejo orgânico”, completa.
O pecuarista Claudinei Saldanha Júnior, de Itirapina, no interior de SP, começou trocou o sistema de produção leite convencional pelo orgânico em 2013.
Atualmente, tem 41 vacas em lactação e 700 litros de leite por dia, uma média de 17 litros por animal, produtividade boa para a atividade.
Mas ele lembra que o começo não foi fácil. “Foi todo um aprendizado, trabalhar com homeopatia, controle de carrapato, mastite, dominar os pastos de maneira orgânica, fazer uma silagem de maneira orgânica”, recorda.
Para aprender a lidar com esses desafios, Saldanha Júnior passou a fazer parte do projeto Balde Cheio, da Embrapa, que mudou a cara de milhares de produções leiteiras em quase 20 anos de existência, ensinando boas práticas de manejo, com aumento de produtividade.
“Nós trabalhamos com produtores que já atingiram 25 mil litros leite por hectare ano. Se comparar com as produtividades de países desenvolvidos, é de 15 a 20 mil litros de leite por hectare”, explica o agrônomo Artur Chinelato da Embrapa.
HOMEOPATIA
Na produção orgânica, as doenças precisam ser tratadas de um jeito diferente. No manejo convencional, os remédios são os chamados alopáticos. No orgânico, Artur Chinelato, da Embrapa, afirma que cuidado é totalmente diferente.
“Nós temos que usar menos medicamentos. Quanto menos o animal ficar doente, melhor. Se o animal estiver bem alimentado, bem nutrido, com conforto, bem-estar, com a saúde em dia, recebendo as vacinas, ele pouco vai ficar doente”, diz o agrônomo.
As vacinas regulares são obrigatórias, mas os anti-inflamatórios, hormônios e vitaminas não podem ser utilizados. Tudo isso deve ser feito por meio da homeopatia.
Caso a necessidade exija um produto alopático, ou seja, convencional, existem regras. O produtor pode até fazer dois tratamentos convencionais por animal anualmente. Mas, se o medicamento exigir uma carência de 5 dias para a retirada do leite, ele deverá dobrar esse período.
CONTROLE DE PRAGAS
Os produtores que decidem apostar na produção de leite orgânico precisam mudar também o controle de pragas. A criadora Beatriz Malta Campo, de São Carlos, afirma que precisou aprender todos os passos para prevenir e remediar esse problema.
Um dos pontos de prevenção é o uso de um farelo homeopático que ela dá para os animais. O produto é consumido junto com a ração e aumenta a resistência das vacas.
O maior desafio enfrentado pela família dela até agora foi o ataque de carrapatos. O inseto fez a média de produção das vacas cair de 18 litros por dia, antes do orgânico, para 14 litros.
“Como a gente não pode mais usar o produto químico que matava o carrapato, a gente aumentou assim drasticamente a população de carrapato e, no começo, a gente não tinha nada e não sabia como fazer”, diz Beatriz.
Ela optou por um controle biológico, a base de fungos que secam o carrapato, que ainda está em teste no mercado. Com isso, a produtividade estabilizou em 16 litros por animal.
4 – UTILIZAR A TECNOLOGIA A SEU FAVOR
Nos dias de hoje, o produtor pode fazer a gestão da propriedade e de cada atividade na palma da sua mão, com aplicativos instalados no seu celular.
Para ajudar os nossos amigos produtores de leite, nosso portal selecionou e testou estes 3 Aplicativos para celular Android ou IOS para ajudar a melhorar os ganhos na produção. Todas as ferraments são desenvolvidas pela Embrapa Gado de Leite e seus parceiros.
Os aplicativos são gratuitos e de fácil utilização, confira:
1 – APP Pasto Certo
Para ter uma boa pastagem é muito importante conhecer qual forragem utilizar e suas características. O aplicativo Pasto Certo permite acessar as características das principais cultivares de forrageiras tropicais lançadas pela Embrapa e outras de domínio público.
2 – APP Roda de produção
A Roda da Reprodução é um aplicativo móvel para auxiliar no gerenciamento de rebanhos leiteiros. A ferramenta permite monitorar de maneira simples os estágios produtivos e reprodutivos de um rebanho.
O aplicativo apresenta o rebanho em um Roda que permite a visualização rápida da situação produtiva e reprodutiva, por meio de cores e posicionamento. O uso correto permite que rapidamente seja possível identificar animais com problemas reprodutivos, assim como programação de coberturas, visualização da distribuição dos partos, proximidade da data de secagem das vacas, identificação de animais com período de lactação curto e previsão de proximidade de retorno ao cio.
O registro de eventos que podem ocorrer com os animais é mais um dos recursos. Com simples toques é possível registrar cios, coberturas, detecção de prenhez, secagem, partos e abortos. Assim que um evento é confirmado, o estágio do animal é alterado.
3 – APP Leite
AppLeite tem como objetivo disponibilizar um conjunto de informações técnicas baseadas em trabalhos de pesquisa agropecuária. Este material aborda temas de interesse dos produtores rurais e extensionistas buscando a melhoria das condições de trabalho, produção, aumento de renda e produtividade da atividade leiteira.
Todo conteúdo disponível é produzido por especialistas da Embrapa, utilizando linguagem simples e vocabulário próximo ao cotidiano dos produtores.