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Guerra na Ucrânia: o que se sabe sobre mísseis que atingiram Polônia

Duas pessoas morreram em um vilarejo polonês próximo à fronteira com a Ucrânia nesta terça-feira (15/11) após a região ter sido atingida por um “míssil de fabricação russa”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Polônia.

O comunicado não informava quem disparou o míssil. Os dois lados do conflito usam munição feita na Rússia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ser “improvável” que o míssil tenha sido disparado da Rússia. Ele diz que há “informações preliminares que contestam” que o míssil foi disparado da Rússia.

“Eu não quero dizer isso até investigarmos completamente, mas é improvável pela trajetória que ele tenha sido disparado da Rússia, mas veremos.”

Biden diz que o fato está sendo investigado na Polônia e que os líderes mundiais determinarão os próximos passos depois que for determinado o que aconteceu.

Líderes mundiais estão reunidos em Bali, na Indonésia, para um encontro de cúpula do G20. Nesta quarta-feira, eles realizaram uma reunião de emergência para discutir o ataque na Polônia.

A Polônia diz que não tem nenhuma “evidência conclusiva” sobre quem lançou os mísseis. O presidente Andrzej Duda disse a repórteres: “Não temos nenhuma evidência conclusiva no momento sobre quem lançou este míssil… provavelmente foi um míssil de fabricação russa, mas tudo isso ainda está sob investigação no momento”.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, pediu que seus cidadãos mantenham a calma.

Embaixador russo convocado

governo polonês para obter mais informações.

Os EUA também repetiram o compromisso de defender cada espaço de território da Otan que estiver sob ataque, algo que o presidente Joe Biden chamou de “obrigação sagrada”.

Mas nem os EUA, nem os aliados na Otan, têm interesse de entrar em um confronto direto com a Rússia.

O governo russo declarou que os relatos sobre os mísseis são uma “provocação deliberada” e que não realizou ataques na fronteira entre Ucrânia e Polônia.

A Ucrânia, por sua vez, disse que relatos de que o míssil teria sido disparado por forças ucranianas são “teoria da conspiração” e parte da “propaganda russa”.

O presidente norte-americano, Joe Biden, e o ucraniano, Volodymyr Zelensky, telefonaram para o presidente da Polônia.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que vai propor uma reunião de coordenação nesta quarta (16/11) com os líderes da União Europeia que estão na reunião do G20 em Bali, na Indonésia.Michel publicou no Twitter que conversou com o premiê polonês, Mateusz Morawiecki, e que assegurou “a total unidade da União Europeia e solidariedade em apoio à Polônia”.

Bombardeios em Kiev e outras cidades

Mais cedo, a Rússia lançou uma série de mísseis contra cidades importantes ucranianas, dias depois de tropas russas terem sido expulsas de Kherson, na região sul ucraniana.

A guerra na Ucrânia se arrasta desde fevereiro, quando a Rússia invadiu o país. Uma contra-ofensiva ucraniana iniciada em setembro, segundo as autoridades de Kiev, já retomou mais de 3 mil quilômetros quadrados do território ocupado inicialmente pelos russos.

A capital Kiev está entre as cidades atingidas. O prefeito Vitaliy Klitschko afirmou que prédios residenciais próximos ao centro da cidade foram danificados.

Ataques também foram registrados em Mykolaiv, Chernihiv, Lviv e outros locais.

Os ataques aconteceram ao mesmo tempo em que líderes mundiais estavam reunidos na cúpula do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, em Bali.

Na reunião, o governo de Vladimir Putin enfrentou duras críticas por causa da guerra na Ucrânia.

Cortes de energia

Klitschko afirmou que pelo menos uma pessoa morreu nos últimos ataques em Kiev. Vários mísseis russos foram derrubados, disse ainda o prefeito da capital ucraniana.

Ele alertou que pelo menos metade dos moradores da cidade estavam sem eletricidade devido a interrupções de emergência — um “passo necessário para equilibrar o sistema de energia”, disse o prefeito.

Alertas de ataque aéreo soaram em toda a Ucrânia nesta terça-feira.

Em vídeo compartilhado pelo gabinete do presidente ucraniano, o que parece ser um bloco de apartamentos pode ser visto em chamas, com fogo saindo pelas janelas.

Uma moradora de 22 anos, Oleksandra, disse à agência de notícias Reuters que viu de sua janela “quando o foguete estava voando, um fogo brilhante e o som de algo voando muito próximo”.

Vitaly Kimm, prefeito de Mykolayiv, no sul, disse que mísseis russos foram lançados em três ondas.

Em Chernihiv, no norte, o governador Vyacheslav Chaus pediu que a população se abrigasse, acrescentando que “o ataque com mísseis continua”.

Já na cidade ocidental de Lviv, o prefeito Andriy Sadovy afirmou que também houve ataques, com cortes de energia como resultado.

Retirada de Kherson

Na semana passada, Moscou retirou suas tropas da cidade de Kherson, no sul — um grande revés para o exército russo.

Em outros momentos da guerra em que a Rússia sofreu derrotas, o país também recorreu a ataques aéreos como uma forma retaliação.

Andriy Yermak, um conselheiro do presidente da Ucrânia, disse que os ataques desta terça-feira teriam sido uma resposta da Rússia ao “poderoso discurso” de Zelensky na cúpula do G20.

No discurso virtual, Zelensky abordou o que chamou de líderes do “G19” — desprezando Putin — e disse estar “convencido de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode ser interrompida”.

Um esboço de declaração da cúpula, relatado por agências de notícias, afirma que “a maioria” dos países concordou que a guerra estava exacerbando as fragilidades da economia global.

Já Sergei Lavrov, ministro das relações exteriores da Rússia, afirmou que a declaração do G20 foi “politizada” pelos aliados ocidentais da Ucrânia.

Este texto foi publicado emhttps://www.bbc.com/portuguese/internacional-63644325

Fonte: BBC.com

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