MST volta a invadir fazendas produtivas e deixa os agricultores apreensivos
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) parecia ter virado a página. A organização, que ganhou destaque pelas ondas de invasão de propriedades rurais, demonstrava uma mudança de estratégia. Trocava o foco de ocupar fazendas à força pela produção nos próprios assentamentos. Ao mesmo tempo em que alardeava recordes nas safras de alimentos, ostentava o título de maior produtor de arroz orgânico da América Latina e levantava milhões de reais no mercado financeiro para subsidiar suas cooperativas, o MST reduzia drasticamente o número de ocupações pelo Brasil. Porém, o fantasma do antigo MST volta a amedrontar setores produtivos. Em apenas uma ação orquestrada na segunda-feira 27, o movimento invadiu quatro propriedades no estado da Bahia. Para efeito de comparação, durante os cem primeiros dias da gestão Jair Bolsonaro, o MST ocupou somente uma fazenda.
Três das quatro áreas invadidas pertencem à multinacional brasileira do ramo de celulose Suzano. Ficam em municípios no extremo sul baiano. Elas geram empregos e produzem, estão destinadas ao cultivo de eucaliptos. Portanto, nem de longe preenchem os requisitos de desapropriação para reforma agrária e colocam em contradição o discurso histórico do próprio MST. A entidade sempre alardeou invadir somente terras irregulares ou improdutivas. Contudo, a desta vez inovou em suas justificativas erráticas. Alegou que aquelas áreas deveriam ser desapropriadas por se destinarem ao cultivo de monocultura. Uma tese controversa, pois, caso venha a nortear ações futuras do movimento, legitimaria a invasão de boa parte das terras do agronegócio.
Diante do alinhamento explícito entre o PT e o MST, entidades empresariais endereçaram recados ao governo. Demonstraram preocupação com as consequências da ocupação das fazendas da Suzano e, sobretudo, com futuras ondas de invasões durante o governo Lula. Alertaram que elas podem impactar os novos investimentos no agronegócio em um momento de retração econômica e criar um clima de conflagração no campo em um país que acabou de sair polarizado das urnas.
Fonte: Istoé