Prepare o casaco: massa de ar frio vai acabar com o calor e trazer o alívio no RS
RIO GRANDE DO SUL
Prepare o casaco: massa de ar frio vai acabar com o calor e trazer o alívio no RS
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Ninguém aguenta mais tanto calor e a pergunta que todos se fazem é quando vai acabar este martírio de dias escaldantes e noites muito quentes que já dura quase duas semanas e sem trégua em algumas regiões do Rio Grande do Sul. A histórica, longa e poderosa onda de calor vai acabar e será nesta semana com a chegada de uma massa de ar frio, mas antes haverá ainda alguns dias muito quentes. O território gaúcho está sob influência do que se denomina de domo ou cúpula de calor e que em Inglês é chamada de heat dome. O que é isso? O verão significa clima quente – às vezes perigosamente quente – e ondas de calor extremas se tornaram mais frequentes nas últimas décadas por conta das mudanças climáticas. Às vezes, o calor escaldante fica aprisionado no que é chamado de cúpula de calor.
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Ninguém aguenta mais tanto calor e a pergunta que todos se fazem é quando vai acabar este martírio de dias escaldantes e noites muito quentes que já dura quase duas semanas e sem trégua em algumas regiões do Rio Grande do Sul. A histórica, longa e poderosa onda de calor vai acabar e será nesta semana com a chegada de uma massa de ar frio, mas antes haverá ainda alguns dias muito quentes. O território gaúcho está sob influência do que se denomina de domo ou cúpula de calor e que em Inglês é chamada de heat dome. O que é isso? O verão significa clima quente – às vezes perigosamente quente – e ondas de calor extremas se tornaram mais frequentes nas últimas décadas por conta das mudanças climáticas. Às vezes, o calor escaldante fica aprisionado no que é chamado de cúpula de calor.
Áreas de alta pressão, como cúpulas de calor, têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar em direção ao solo e através da compressão aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. A massa de ar quente se expande verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. Por isso, uma sequência muito longa de dias com temperatura extremamente alta com marcas muito acima dos padrões históricos e com máximas que em alguns momentos chegaram a ficar até 10ºC acima das normais de janeiro.
É o que explica o Rio Grande do Sul ter enfileirado até ontem 11 dias seguidos com máximas acima de 40ºC. As estações do Instituto Nacional de Meteorologia registraram 41,5ºC em Quaraí no dia 12; 41,7ºC (recorde) em Bagé no dia 13; 40,8ºC em Bagé no dia 14; 40,6ºC em Uruguaiana no dia 15; 41,8ºC em Uruguaiana dia 16; 40,2ºC no dia 17 em Teutônia; 41,1ºC em Santa Rosa em 18 de janeiro; 41,5ºC em São Luiz Gonzaga no dia 19; 42,1ºC em Uruguaiana no dia 20; 41,8ºC dia 21 em Uruguaiana; e 41,6ºC ontem em Uruguaiana. É possível que o Rio Grande do Sul alcance 15 dias seguidos com marcas acima de 40ºC porque o calor persiste hoje, amanhã, terça e quarta no território gaúcho. Entre este domingo e terça, a massa de ar extremamente quente permanece sobre o estado, mantendo a temperatura em patamar muito elevado. A maior presença de umidade favorece pancadas de chuva e temporais isolados, especialmente da tarde para a noite, em que não se pode descartar vendavais isolados, chuva extrema em curto período muito localizada, e ocasional queda de granizo em setores bastante esparsos. Episódios muito isolados e severos como se viu em Guaíba na última segunda-feira não podem ser afastados. Na quarta-feira, uma frente fria começa a ingressar no Rio Grande do Sul com instabilidade pelo Oeste e o Sul, mas diversas regiões gaúchas, especialmente a Metade Norte, além de Santa Catarina e o Paraná, vão estar sob uma condição pré-frontal com corrente de jato em baixos níveis da atmosfera trazendo ar quente e favorecendo intenso calor. Da tarde para a noite, chove em muitos pontos com risco de temporais. Na quinta-feira, a frente fria avança pelo Rio Grande do Sul e chega aos estados catarinense e paranaense com aumento de nuvens e chuva. Ao mesmo tempo, massa de ar mais frio começa a ingressar no território gaúcho com a sua parte mais intensa sobre o Atlântico, trazendo notável queda de temperatura. É o que explica que muitas cidades devam registrar máximas ao redor ou acima de 40ºC na tarde da quarta para 24 horas depois, na quinta, terem 27ºC ou 28ºC no mesmo horário.
A diferença de temperatura com a troca de massas de ar, de extremamente quente para mais fria, será tão notável que a máxima na próxima quinta-feira em Porto Alegre ao redor de 27ºC pode ser igual ou menor que a temperatura mínima deste domingo que foi de 27,1ºC. Em muitas cidades, aliás, as máximas da quinta, da sexta e do sábado devem menores que as temperaturas registradas em pleno período da madrugada no começo por demais quente deste domingo.
Massa de ar frio no verão, diferentemente do inverno, não necessariamente se traduz em frio. O que costuma trazer é temperatura agradável e abaixo da média por alguns dias. A maior parte das cidades possui médias máximas em torno de 30ºC e 31ºC em janeiro, então como as máximas no final da semana vão ficar entre 26ºC e 29ºC em muitos municípios, a temperatura estará abaixo dos padrões históricos de janeiro. Algumas regiões, porém, tendem a ter marcas nos termômetros um pouco baixas à noite no final desta semana. Pode fazer até 14ºC ou 15ºC na Campanha e 13ºC em alguns pontos da Serra e dos Aparados. Porto Alegre e região metropolitana podem chegar a ter 18ºC ou 19ºC na madrugada no final da semana, o que não é frio, mas são quase 10ºC a menos do que se enfrentou na madrugada deste domingo. Sempre que vem uma mudança de temperatura tão radical como se antecipa e após um período de calor tão extremo surge o questionamento se a mudança não vai se dar com temporais muito fortes. A dúvida faz todo o sentido porque ar quente significa injeção de energia na atmosfera e a forma de o sistema atmosférico liberar tal energia é por chuva e temporais, assim quanto mais quente maior a geração de energia a ser liberada e maior o risco de tempo severo. Por isso, na passagem da frente fria entre quarta e quinta pelo Sul do Brasil podem ocorrer episódios de chuva localmente forte a torrencial com elevados volumes em curto período que podem gerar alagamentos, além de temporais isolados com risco de vendavais e granizo. O risco, entretanto, não se limitará à passagem da frente. Já antes, como vem acontecendo quase todos os dias, o calor deve trazer temporais localizados – que em alguns pontos podem ser fortes a severos – entre este domingo e a terça-feira, ainda sob o domínio da massa de ar muito quente na reta final da onda de calor.
Créditos: Estael Sias | MetSul